A solução é uma ilusão

Por que abandonar a obsessão por soluções pode transformar nossas relações e negócios.

Por Paulo Martinez 


Estamos condicionados à ideia de que uma vida bem-sucedida é aquela resolutiva, em que se executa e soluciona constantemente. Somos feitos de centenas, senão milhares, de escolhas diárias — desde escovar os dentes até decisões que podem alterar radicalmente nossa trajetória.

Mas escolha e decisão não são sinônimos de solução. O que significa solucionar algo? Resolver? Tirar da frente? Colocar um ponto final? A solução é uma ilusão. Ela simplesmente não existe.

A vida é impermanente. Tudo muda continuamente em um sistema de relações, causas e efeitos, cuja complexidade e infinitude escapam à nossa compreensão. Nada do que buscamos "solucionar" estará verdadeiramente resolvido; estará apenas transformado, influenciado por diversos agentes (humanos e não humanos, físicos e extrafísicos) e pelas relações que se estabelecem.

As coisas não desaparecem, elas se transformam. Tudo permanece integrado ao sistema (na verdade, nunca dele saiu), impactando continuamente os agentes e suas relações em múltiplos níveis. Vivemos em sistemas dentro de sistemas, formando uma teia infinita de conexões.

Portanto, não nos deixemos enganar pela armadilha de "solucionar" tudo. Se a solução é uma ilusão, então é nas relações que encontramos a verdadeira solução.

O que realmente precisamos é nos colocar presentes e em relação, com as pessoas e situações que se apresentam, realizando escolhas conscientes e decisões atentas. Observar o sistema como um todo, buscando compreender suas inter-relações, nos proporciona experiências valiosas, desperta sabedoria e amplia nossa consciência.

Em vez de questionar "por que isso acontece comigo?", pergunte "para que estou vivendo isso?". Ou ainda: "o que posso aprender com esta situação?". Ao adotar essas perguntas, você amplia sua perspectiva e passa a enxergar as melhores escolhas e decisões sob uma nova lente, o que pode ajudar significativamente a lidar com os desafios da vida, mesmo nas situações mais difíceis.

A compreensão de que nada desaparece, apenas se transforma, é fundamental para viver as experiências de forma plena, presente e sensível.

Quando alcançarmos tal entendimento, nossas (falsas) expectativas se dissolverão, levando consigo ansiedades, medos e aflições. Frequentemente, nos aprisionamos ao passado, alimentando mágoas; ou ao futuro, nutrindo medos e expectativas. Esquecemos, no entanto, que o futuro é apenas consequência das decisões que tomamos agora, no presente.

Fazer as melhores escolhas e tomar as melhores decisões hoje é a transformação mais poderosa que podemos realizar.

Porém, é importante lembrar que este "hoje" não se refere ao tempo ansioso da cultura dominante, nem ao ritmo acelerado e impiedoso das máquinas. O convite é para ressignificarmos o tempo presente, acessando uma esfera mais sutil e conectada aos ciclos da natureza — um tempo que respeita o ritmo da vida. Um tempo que não é de afirmações e resoluções, mas de possibilidades e relações.

Ao aplicar essa visão de autodesenvolvimento também nas organizações e negócios, percebemos que a transformação consciente não está na busca incessante por soluções rápidas ou definitivas, mas no cultivo de relações significativas, regenerativas e empáticas. É exatamente essa perspectiva que o Innovation Roots propõe: não intentamos solucionar os desafios do nosso tempo, mas transformá-los por meio das relações, promovendo uma inovação profunda e consciente.

Esqueça a solução e coloque-se em relação!


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Paulo Martinez é empreendedor, comunicador, tecnólogo e designer de sistemas regenerativos com 25 anos de carreira. É co-fundador e sócio do Grupo Ginga (ginga.group), co-fundador do Distrito (distrito.me), além de co-iniciador e publisher das comunidades intencionais GIRA (gira.xyz) e Innovation Roots (innovation-roots.com). Paulo também é membro do conselho e professor titular do IMGP (mestregp.com.br).

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